domingo, 10 de fevereiro de 2008

O Leão Velho

Decrépito o leão, terror dos bosques,
E saudoso da antiga fortaleza,
Viu-se atacado pelos outros brutos,
Que intrépidos tornou sua fraqueza.

Eis o lobo, cos dentes o maltrata,
O cavalo cos pés, o boi coas pontas;
E o mísero leão, rugindo apenas,
Paciente digere estas afrontas.

Não se queixa dos fados; porém, vendo
Vir o burro, animal d'ínfima sorte,
-Ah! vil raça! (lhe diz) - morrer não temo,
Mas sofrer-te uma injúria é mais do que morte!


Manuel M.B. du Bocage

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