domingo, 15 de julho de 2012

Redes sociais - A verdade e o mito

Hoje em dia toda a gente ouve falar de “redes sociais”. É raro encontrarmos alguém que não as utilize, pois se espalham como ervas daninhas pelas mais diferentes camadas sociais.
As cartas, os tradicionais encontros à mesa dos cafés e na residência dos amigos, os telefonemas dando notícias, foram substituídos pela simples frase “vai ao meu facebook”, que tem lá as fotos da minha ida à praia na semana passada, com quem fui, o que aconteceu, o que foi dito, as fofocas que fizemos, a roupa que vesti, etc.
Até os políticos, sempre oportunistas, já utilizam esse meio de comunicação para contactarem os eleitores e não só, apresentando ideias que sabem de ante-mão não puderem ser cumpridas.
E recebem centenas de comentários, que não lêem, pois o que interessa é a auto-promoção.
O mesmo acontece com os simples cidadãos, que sem pensarem nas consequências, deixam escapar fatos estritamente pessoais, que caiem nas mãos de pessoas menos esclarecidas, e que aproveitam a oportunidade para  divulgar, deturpando, levando a situações desastrosas para os incautos.
Enfim, a internet, sendo um poderoso meio de comunicação, absolutamente indispensável nos dias de hoje é, ao mesmo tempo, um propagador de vírus maliciosos que se entranham nas mentes das pessoas que o utilizam.
É preciso saber distinguir “o trigo do joio”.
As redes sociais são muito úteis, se as soubermos utilizar com honestidade e inteligência. Podem captar amigos sinceros a muitos quilômetros de distância, promover encontros que, por vezes, acabam em casamento, mas também podem destruir esses mesmos casamentos.
É preciso ter em atenção, que os nossos amigos, a quem fazemos as nossas confidências, têm também amigos e esses amigos têm  outros amigos, o que leva à situação de toda a gente ficar a saber o que julgávamos ser um segredo bem guardado.       

Fernando J - 14.07.2012

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Balada da Neve

Batem leve, levemente,
como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim.
É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho…
Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento com certeza.
Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria…
. Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!
Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho…
Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
duns pezitos de criança…
E descalcinhos, doridos…
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!…
Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!…
Porque padecem assim?!…
E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na Natureza
e cai no meu coração.
Augusto Gil